quarta-feira, 27 de abril de 2011

A fábula do Jogador Enfeite

Coitado do Jogador Enfeite.

Ele começa a carreira em um pequeno clube de seu país, batendo uma bolinha aqui e ali e mostrando pra todos o seu charme, que é seu diferencial dos outros jogadores, que são, em geral, muito feios. Ninguém sabe ao certo se ele joga bem ou não, mas basta seu rostinho aparecer nas coletivas de imprensa (e depois em fotos no caderno de esportes dos jornais) que é audiência certa para as TVs locais e garantia de patrocínios para o pequeno clube.

Então algum dirigente de um clube de um velho continente fica estarrecido com seu talento e charminho e carisma e resolve desembolsar uma graninha pra levá-lo à Terrinha. Grana pouca comparada com as transações atuais futebolísticas, mas como ele é um Enfeite, não valia a pena pagar muito nele.

E o pobre Jogador Enfeite, que não sabia que era um mero enfeite, foi pra Europa crente que sua carreira ia decolar e ele iria ser titular do clube e jogar com estádio lotado gritando o nome dele. Pobre Jogador Enfeite. Mal sabia ele que ele só seria usado pra aparecer na coletiva de imprensa, pra dizer nada, e também seria usado como modelo para mostrar as camisas novas do clube. Ao todo, ele entrou em campo três vezes, mas não tocou a bola nem uma vez, ele entrou como isca pra distrair o adversário em jogos que não valiam muita coisa. Deu certo, mas ele ficou triste e pediu pra voltar pra sua terra. O dirigente do clube europeu não gostou muito da ideia de perder seu principal modelo de uniformes e chamariz de patrocínio, mas concordou em emprestar o Jogador Enfeite a um clube de sua terra natal, desde que ele voltasse para apresentar a coleção dos uniformes novos do próximo ano.

E voltou o Jogador Enfeite pra sua terra confiante de que o técnico e o presidente do clube iriam valorizar seu talento com a pelota, e que ele iria jogar, mas coitado, o destino pregou mais uma peça nele: continuou fazendo papel de modelo e de chamariz de patrocínio, e entrou em campo somente duas vezes em jogos amistosos que não valiam nada em termos de campeonato, mas que atraíam patrocinadores a rodo. E aí o Jogador Enfeite se cansou disso de novo, e quando ele estava num momento de depressão, repensando sua carreira, surge uma proposta de um clube de um país vizinho. Qualquer coisa era melhor que nada, pensou ele, e pediu autorização pro Grande Chefe Europeu. O dono do passe dele cedeu e lá se foi o Enfeite de mala e cuia para o clube do país vizinho. Tudo parecia bom, ele foi apresentado como reforço para a temporada, ele teve certeza de que jogaria, de que poderia mostrar o que ele realmente gostava e sabia fazer...

Mas tudo saiu errado de novo. Raramente ele era autorizado a treinar. Pisar em campo, então? Nunca. A beleza dele era muita pros padrões locais, e causaria inveja, justificava o técnico do clube. Ele só era visto ao lado do presidente da equipe. Parecia que ele estava vivendo em cárcere privado. Só tinha permissão para frequentar as festas promovidas pelo clube, e a única aparição pública oficial foi na apresentação dos novos uniformes do time. E só.

E tal como bicho que se revolta, um dia ele se rebelou, e fugiu do clube que o aprisionou. Com direito a nocaute. E aí ele sumiu.

Onde ele está agora? Ninguém sabe, ninguém viu.



E como toda fábula tem uma moral, a moral é:

Que esta é uma história totalmente ficcional e nada baseada em fatos reais.

2 comentários:

Unknown disse...

Adivinha quem é???

Unknown disse...

quem ée??? nao entendo nada de futebol!